Uma questão de sensibilidade - Continuar...
| Artigo de Opinião |
Continuar... Continuar para não perder a qualidade de vida. Continuar para não perder a dignidade. Continuar a lutar, não desistir. Continuar, continuar... Falar é fácil. Viver na pele não.
Enquanto profissional de saúde, a presença do desespero (às vezes bem extremo) é dos sentimentos mais difíceis de gerir. O corpo não faz o que eu quero. A dor melhora mas não desaparece. A dor às vezes é insuportável. Não consigo voltar a mexer aquela parte do corpo. Os sintomas não vão desaparecer completamente.
Como podemos motivar alguém quando, se estivessemos na situação dessa pessoa, se calhar pensaríamos de forma igual ou pior? E se reflectirmos no assunto, mesmo sem qualidade de vida, até para manter a dignidade é necessário esforço, luta, não desistir.
E o mais frustrante é que às vezes não há absolutamente nada que possamos dizer para aliviar o sofrimento, o desespero, naquele momento... Até pode ainda haver muitas ferramentas de trabalho, enquanto fisioterapeuta, mas, no desespero, a pessoa nem nos consegue ouvir, quanto mais fazer o que lhe pedimos.
Como podemos motivar alguém quando, se estivessemos na situação dessa pessoa, se calhar pensaríamos de forma igual ou pior? E se reflectirmos no assunto, mesmo sem qualidade de vida, até para manter a dignidade é necessário esforço, luta, não desistir.
E o mais frustrante é que às vezes não há absolutamente nada que possamos dizer para aliviar o sofrimento, o desespero, naquele momento... Até pode ainda haver muitas ferramentas de trabalho, enquanto fisioterapeuta, mas, no desespero, a pessoa nem nos consegue ouvir, quanto mais fazer o que lhe pedimos.
Então, quando não há muito a dizer... O que fazer?
Ficar. Eu escolho ficar ao seu lado, pacientemente, caladinha, a ouvir. Eu prefiro, de forma consciente, não desistir.
Esta semana está a ser particularmente difícil para alguns pacientes meus. Não é fácil.
Às vezes posso não conseguir dar-lhe a resposta que quer ouvir, mas... Estou aqui.
Crónicas associadas:
“Não quero dar trabalho”
Fisioterapeuta, o Teimoso
Correr ou não correr para o autocarro? Tentar, desistir ou recalcular os nossos limites?
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Fisioterapeuta, o Teimoso
Correr ou não correr para o autocarro? Tentar, desistir ou recalcular os nossos limites?
(Texto recuperado de Julho 2019)
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