Filosofia aplicada - O preço da aprovação e identificação (EPL)

| Artigo de Opinião |

Até que ponto é que a nossa necessidade de aprovação nos força a criar identificação com algo ou alguém? Até que ponto é que a nossa necessidade de identificação não nos tolda o pensamento? É normal. É fora do normal, é diferente, alternativo. É aceite por todos, qual o problema? Lá por não ser aceite por todos, não quer dizer que seja mau.

Até que ponto é que nós aceitamos estas descrições só porque sim? Só porque está na moda/ gostamos da imagem/ da sensação que transmite? Porque simpatizamos com o interlocutor? Porque gostamos da postura do interlocutor?

Temos noção que isto ocorre a toda a hora no consumismo do mundo moderno. O bombardeio da publicidade através das redes sociais... Mas e na nossa profissão? Isto não acontece de igual forma?

Para este assunto em questão confesso que é um pouco difícil seleccionar só um filósofo...
Vou começar por nesta crónica falar somente de Aristóteles.
 
Este conhecido filósofo fala-nos, por exemplo, dos três modos como as pessoas são persuadidas, na argumentação:
  • Ethos: Persuasão baseada na credibilidade.
  • Pathos: Persuasão baseada nas emoções.
  • Logos: Persuasão baseada na razão.

Aristóteles refere que devemos dar privilégio à razão. Faz sentido.
Porque não o fazemos sempre?

Porque é que damos privilégio à credibilidade dos outros? Porque é que damos privilégio ao quanto simpatizamos com os outros?
É certo que, enquanto animais sociais que somos, é normal haver um forte contributo da credibilidade e das emoções na nossa forma de pensar (a neurociência estuda isto, nomeadamente o que acontece no exemplo extremo de falta de conexão (1) entre indivíduos).

Todos nós gostamos (e precisamos), até certo ponto, de sentir aprovação proveniente do nosso contexto, de sentir identificação.

Mas não será que às vezes levamos demasiado longe a nossa necessidade de aprovação? 

Não nos arriscamos, às tantas, a ignorar a razão? Mesmo enquanto profissionais: lá porque somos profissionais de saúde, não deixamos de ser humanos.


Qual o real preço que pagamos para satisfazer a nossa necessidade de aprovação e identificação?





(1) https://www.facebook.com/TED/videos/262257364586249/UzpfSTEwMDAwMDM3MDg5MTUyOTozMjEzODAwMjI4NjQyMzA5/ (Inspiração)

Obrigada aos colegas que me apresentaram o conceito (Ricardo Dias, Ft) e aos que o debateram comigo (Ana Semedo, Bernardo Pinto, Hugo Mendes, Monserrat Conde, Pedro Barbosa, Ft).

 

(Texto recuperado de Julho 2019)

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