Dignidade - “Não quero dar trabalho”
| Artigo de Opinião |
Esta é certamente uma das frases que mais ouço junto dos meus pacientes, sobretudo daqueles que estão em situações de dependência ou na aproximação desta condição.
Uma parte muito importante do trabalho do fisioterapeuta é ajudar o paciente a combater a dependência, ou sensibilizar o paciente a evitar esta condição ao máximo, sobretudo relativamente às designadas actividades básicas da vida diárias (ABVD’s). (Vou deixar em anexo uma das escalas mais utilizadas para terem uma noção da lista de actividades que se avalia*.)
Contudo, ainda que pareça ser sempre o nosso objectivo (digo “nosso”, porque é sempre meu e do paciente), a independência nem sempre é possível como devem imaginar, ou pelo menos muito provável (matematicamente falando).
Quando a dependência, seja completa ou parcial, é o mais provável, o que fazer?
É das situações que mais me custa discutir com os meus pacientes, muito mais do que o luto ou morte, porque compreendo o quanto deva ser difícil ter obrigatoriamente de depender de alguém, seja para qual tarefa for.
Mas é importante falar nesta possibilidade, quando ela existe, e debatê-la, pois cabe ao paciente o poder de tomar decisões sobre a sua vida, não aos profissionais de saúde certamente. E não me parece que alimentar expectativas irrealistas seja o melhor (e não me refiro a ter esperança, refiro-me em não conceber sequer um plano B).
Até que me apercebi de uma coisa: Nós vamos dar trabalho.
A probabilidade de não darmos trabalho a ninguém ao longo da nossa vida é muito reduzida: se quisermos excluir desde já a infância, temos qualquer período da vida adulta em que tenhamos a necessidade de precisar de cuidados médicos, até à idade mais avançada. Se tivermos esta permissa em consideração, que conclusão podemos retirar?
Porque é que “dar trabalho” tem de ser acompanhado por um sentimento negativo?
E se pensar que, para quem faz esse trabalho, pode ser uma honra?
É uma honra fazer parte da sua luta para melhorar/recuperar.
É uma honra participar na manutenção da sua dignidade.
É uma honra conhecê-lo e à sua história de vida.
Não se preocupe em dar trabalho. Para mim, é uma honra.
É das situações que mais me custa discutir com os meus pacientes, muito mais do que o luto ou morte, porque compreendo o quanto deva ser difícil ter obrigatoriamente de depender de alguém, seja para qual tarefa for.
Mas é importante falar nesta possibilidade, quando ela existe, e debatê-la, pois cabe ao paciente o poder de tomar decisões sobre a sua vida, não aos profissionais de saúde certamente. E não me parece que alimentar expectativas irrealistas seja o melhor (e não me refiro a ter esperança, refiro-me em não conceber sequer um plano B).
Até que me apercebi de uma coisa: Nós vamos dar trabalho.
A probabilidade de não darmos trabalho a ninguém ao longo da nossa vida é muito reduzida: se quisermos excluir desde já a infância, temos qualquer período da vida adulta em que tenhamos a necessidade de precisar de cuidados médicos, até à idade mais avançada. Se tivermos esta permissa em consideração, que conclusão podemos retirar?
Porque é que “dar trabalho” tem de ser acompanhado por um sentimento negativo?
E se pensar que, para quem faz esse trabalho, pode ser uma honra?
É uma honra fazer parte da sua luta para melhorar/recuperar.
É uma honra participar na manutenção da sua dignidade.
É uma honra conhecê-lo e à sua história de vida.
Não se preocupe em dar trabalho. Para mim, é uma honra.
Obrigada a todos os meus pacientes, especialmente aos que estão em condições de dependência, que me dão a honra de se dar a conhecer quando estão mais vulneráveis, e de trabalhar em parceria comigo.
Fonte de inspiração:
https://www.youtube.com/watch?v=Cg2IC3Vl2KE
https://www.youtube.com/watch?v=Cg2IC3Vl2KE
(Texto recuperado de Agosto 2018)
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