Crise de Identidade - “Qual mérito?”

 | Artigo de Opinião |

As nossas conquistas são somente fruto do que fazemos? Fruto do nosso mérito?
 
Estas questões surgem no seguimento de reflexões desenvolvidas entre colegas, acerca desta imagem:
Na observação da nossa existência e dos outros já chegamos à colectiva conclusão que não partimos de pontos iguais, desde a nascença. Se por situações de nascença, condição familiar, contexto geral da vida, desde a infância para a frente. 
 
Penso que nisto conseguimos todos concordar.

E por vezes, mesmo que queiramos eliminar essa diferença entre nós e outros, não é possível. Podemos combater, mas eliminar nunca. E existem determinadas diferenças que nunca vamos conseguir ultrapassar (físicas, económicas, etc).
 
Nunca... Será o nunca muito forte?

Pegando somente num ponto que é o acesso a recursos à nascença: se não nascemos com acesso a recursos, há certas decisões que os nossos pais tomaram limitadas às opções de escolha que tinham à disposição na altura. Em que não foi possível escolher fora desse campo de possibilidades.

Da mesma forma que à medida que o tempo passa, não posso voltar atrás no tempo e oferecer me a mim mesma ou aos meus pais mais recursos daqueles que tinha.
E esta condição vai-se repetindo e repetindo, construindo um percurso, com base nas possibilidades que temos cada um de nós à disposição, em determinados pontos no tempo.
É por este motivo que proponho a seguinte precaução:

É muito bonito trabalharmos para alcançar os nossos objectivos, mas cuidado a usar os exemplos dos outros e generalizar, quando sabemos que nem todos têm os mesmos contextos/recursos à disposição.

 
Inspirado em debates com colegas Ana Semedo, Bernardo Pinto, Hugo Mendes, Monserrat Conde e Pedro Barbosa, Ft's.
 
 
(Texto recuperado de Outubro 2019)

Comentários

Mensagens populares