Crise de Identidade - “Qual mérito?”
| Artigo de Opinião |
As nossas conquistas são somente fruto do que fazemos? Fruto do nosso mérito?
Estas questões surgem no seguimento de reflexões desenvolvidas entre colegas, acerca desta imagem:

Na observação da nossa existência e dos outros já chegamos à colectiva conclusão que não partimos de pontos iguais, desde a nascença. Se por situações de nascença, condição familiar, contexto geral da vida, desde a infância para a frente.
Penso que nisto conseguimos todos concordar.
E por vezes, mesmo que queiramos eliminar essa diferença entre nós e outros, não é possível. Podemos combater, mas eliminar nunca. E existem determinadas diferenças que nunca vamos conseguir ultrapassar (físicas, económicas, etc).
E por vezes, mesmo que queiramos eliminar essa diferença entre nós e outros, não é possível. Podemos combater, mas eliminar nunca. E existem determinadas diferenças que nunca vamos conseguir ultrapassar (físicas, económicas, etc).
Nunca... Será o nunca muito forte?
Pegando somente num ponto que é o acesso a recursos à nascença: se não nascemos com acesso a recursos, há certas decisões que os nossos pais tomaram limitadas às opções de escolha que tinham à disposição na altura. Em que não foi possível escolher fora desse campo de possibilidades.
Da mesma forma que à medida que o tempo passa, não posso voltar atrás no tempo e oferecer me a mim mesma ou aos meus pais mais recursos daqueles que tinha.
E esta condição vai-se repetindo e repetindo, construindo um percurso, com base nas possibilidades que temos cada um de nós à disposição, em determinados pontos no tempo.
Pegando somente num ponto que é o acesso a recursos à nascença: se não nascemos com acesso a recursos, há certas decisões que os nossos pais tomaram limitadas às opções de escolha que tinham à disposição na altura. Em que não foi possível escolher fora desse campo de possibilidades.
Da mesma forma que à medida que o tempo passa, não posso voltar atrás no tempo e oferecer me a mim mesma ou aos meus pais mais recursos daqueles que tinha.
E esta condição vai-se repetindo e repetindo, construindo um percurso, com base nas possibilidades que temos cada um de nós à disposição, em determinados pontos no tempo.
É por este motivo que proponho a seguinte precaução:
É muito bonito trabalharmos para alcançar os nossos objectivos, mas cuidado a usar os exemplos dos outros e generalizar, quando sabemos que nem todos têm os mesmos contextos/recursos à disposição.
É muito bonito trabalharmos para alcançar os nossos objectivos, mas cuidado a usar os exemplos dos outros e generalizar, quando sabemos que nem todos têm os mesmos contextos/recursos à disposição.
E é com base nestas diferenças entre pessoas que deixo as seguintes questões:
- Tenho alguma responsabilidade social de ajudar outros?
- Alienar-me da realidade dos outros favorece-me?
Inspirações:
https://www.theguardian.com/news/2018/oct/19/the-myth-of-meritocracy-who-really-gets-what-they-deserve
https://www.newyorker.com/magazine/2019/09/30/is-meritocracy-making-everyone-miserable
https://www.vox.com/policy-and-politics/2019/10/24/20919030/meritocracy-book-daniel-markovits-inequality-rich
https://www.economics-sociology.eu/files/ES_10_1_Kim_Choi.pdf
- Tenho alguma responsabilidade social de ajudar outros?
- Alienar-me da realidade dos outros favorece-me?
Inspirações:
https://www.theguardian.com/news/2018/oct/19/the-myth-of-meritocracy-who-really-gets-what-they-deserve
https://www.newyorker.com/magazine/2019/09/30/is-meritocracy-making-everyone-miserable
https://www.vox.com/policy-and-politics/2019/10/24/20919030/meritocracy-book-daniel-markovits-inequality-rich
https://www.economics-sociology.eu/files/ES_10_1_Kim_Choi.pdf
Inspirado em debates com colegas Ana Semedo, Bernardo Pinto, Hugo Mendes, Monserrat Conde e Pedro Barbosa, Ft's.
(Texto recuperado de Outubro 2019)
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