Crise de identidade - Início...

| Artigo de Opinião |

Todos nós passámos, várias vezes ao longo da nossa vida, por uma ou outra crise de identidade, mesmo que pequenina. Dependendo da severidade da mesma, se pensarmos em algo mais benigno, até pode significar que estamos a evoluir: lutos de crenças antigas, adaptação a uma nova realidade.

Não me vou alongar excessivamente sobre as nossas crises, não serei certamente a melhor pessoa a falar sobre este fenómeno. Vou antes reflectir acerca da percepção que tenho em relação às crises dos profissionais de saúde.

Quando na nossa profissão, ou outros profissionais de saúde como nós, estão a passar por uma aparente “crise de identidade”, apercebo-me de dois sentimentos meus: tristeza e zanga.
 
Podemos considerar que a tristeza está associada a perdas; a zanga quando algo ou alguém está a ultrapassar os nossos limites (1, 2).
 
Perdas...? Perda de identidade dos outros é uma perda para mim?
Limites... Será que tenho os meus limites demasiado inflexíveis?
 

E as questões continuam...
Porque sofro com a perda de identidade dos outros? Porque me importa?
Será que tenho de repensar os meus limites?

E continuam...
Se me importo com a identidade dos outros, talvez seja porque partilhe um sentimento de pertença com eles.
Depois de reflectir sobre os meus próprios limites, cheguei à conclusão que eles são: prática informada pela evidência científica e código ético (3, 4). Estarei errada?

Se partilho de um sentimento de pertença, é sinal que me preocupo tanto com eles, como como eles agem, não?
Se não consigo expandir mais os limites do que acho correcto (subjectivo, admito), talvez seja legítimo defender esses limites, não?

Ao que questiono... Estou errada por me sentir triste e zangada ao mesmo tempo?
Tenho esse “direito”? Tenho direito a sentir pertença com o meu grupo, e zanga por estarem a ultrapassar os limites do que acho aceitável?


Sei que tenho de dar tempo aos colegas, como eu própria tive de dar a mim mesma, para resolver as minhas próprias crises de identidade profissional, mas a espera custa...




“Inspiração” não muito inspiradora: debate Prós e Contras, RTP, dia 1 de Abril 2019.

Fontes:
(1) Palestra neurocientista, emoções: https://www.youtube.com/watch?v=65e2qScV_K8&list=LLnV_1LPHqQaH-XMG3AhvCIA&index=4&t=626s
(2) Ao Encontro de Espinhosa, António Damásio (livro)
(2) World Confederation of Physical Therapy, PBE https://www.wcpt.org/policy/ps-EBP
(3) World Confederation of Physical Therapy, princípios éticos https://www.wcpt.org/ethical-principles

 

(Texto recuperado de Abril 2019)

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